“Da Missa à Missão”

01-03-2013 18:59

4ª Assembleia Diocesana da Pastoral Social

Este foi um dos desafios lançados na 4ª Assembleia Diocesana da Pastoral Social que decorreu em Castelo Branco, no dia 23, com o tema “Caridade – A Dimensão Operativa da Fé”.

 

 

A Assembleia iniciou-se com a oração da manhã às 9H30, seguindo-se a abertura dos trabalhos. D. Antonino Dias, deu as boas vindas, congratulando-se pela presença de todos.

Às dez horas iniciaram-se as conferências. Primeiramente com o Doutor António Borges, Economista que falou sobre o tema: “Gestor e Católico, um duplo desafio de Responsabilidade Social”. A sua palestra versou os aspetos económicos, vistos na perspetiva de um economista católico. Como esta missão se pode inserir naquilo que a nossa fé nos inspira.

António Borges baseou toda a sua explanação numa base de confiança e de esperança. Situou Portugal no contexto europeu e nos problemas que afligem Portugal, mas que vão mais longe e envolvem toda a Europa na qual estamos inseridos e nos afetam.

Segundo António Borges, um dos desafios que se nos coloca hoje é a modernização, “estamos ainda a proceder a soluções numa base antiga, que já não se pratica noutros países, que estão mais à frente que nós”. Por isso é preciso, segundo António Borges, trazer o que de melhor se faz por lá, em diferentes setores e aplicar em Portugal. Vincou ainda o facto de que estas mudanças que são “imprescindíveis e necessárias” não serem “de fácil entendimento”, disse. Muitas vezes a partir de situações de desigual distribuição da riqueza e mesmo de situações de algum egoísmo que levam a que muitas vezes que não precisem, usufruam de determinados benefícios. “Temos que corrigir os erros do passado, não há forma de fugir a eles. A crise tem elementos injustos, não há distribuição equitativa das consequências”, disse.

Confiança e esperança no futuro, “pois já vivemos problemas semelhantes e até piores e sempre conseguimos ultrapassar”. Mas não podemos ficar agarrados às soluções do passado pois essas levaram-nos a cair nos mesmos erros, disse António Borges. Referiu ainda que “Não estamos condenados à pobreza permanente. Confiamos no futuro e nos portugueses. Conseguimos fazer coisas extraordinárias”.

Como se encaixam os valores cristãos nisto tudo? Foi a questão desafiadora. Desafiou também a abrirmo-nos a gente jovem “que pode fazer coisas maravilhosas no país. Vivemos agarrados a proteger o que existe e acabamos por barrar o caminho a novas iniciativas”.

 

 

O modelo, segundo António Borges passa por: “Seriedade, trabalho, prudência”, o que, segundo ele ,não está longe da Doutrina Social da Igreja. “Se levássemos a sério esses valores o país seria outro”, disse. Terminou referindo: “Tem que haver um compromisso social. Há muita gente que desiste. As pessoas deixaram de confiar”. O último desafio foi para os cristãos.Na medida em que estes são exemplo, têm que se empenhar ainda mais, quaisquer que sejam as dificuldades. Empenhar-se com a comunidade, “se cada um só pensa no seu interesse então não é verdadeiro cristão”.

D. António Marcelino foi o conferencista que se seguiu. Num estilo que lhe é próprio, cativou a audiência com os seus constantes desafios avassaladores e diretos. Fez uma reflexão de ordem prática e pastoral, a partir da Carta do Papa sobre o Ano da Fé. “A fé sem a caridade não dá fruto, e a caridade sem a fé seria um sentimento constantemente à mercê da dúvida. Fé e caridade reclamam-se mutuamente, de tal modo que uma consente à outra realizar o seu caminho…”  (Porta Fidei). Diz D. Marcelino: “Há muita gente que já “matámos”, que já riscamos da nossa vida”. O Ano da Fé é “próprio para rever a nossa história de crentes”. O sacramento da Eucaristia tem que ser o sacramento do amor, daí o seu desafio: “Da Missa à Missão”. D. Marcelino diz-nos que é a partir da “porta da Igreja que a nossa missão começa. É preciso acordar este espírito de missão porque a fé age pela caridade”.

Depois colocou a questão: “Nós somos um país cristão e os nossos valores são mesmo cristãos?. “Que importa alguém dizer que é cristão se não tem obras?” Incitou veemente a todos para que se ainda não leram, para que lessem a mensagem do Papa para esta Quaresma: “Caridade suscita Caridade”. Continuou o desafio também no sentido de partilhar o tempo com quem precisa, tornar a fé operante, num sentido de partilha comunitária.

A manhã terminou em debate, onde os oradores puderam responder às diversas questões suscitadas pelos presentes.

A tarde iniciou-se às 14H30 com uma mesa redonda. O primeiro tema, Lugar de Esperança, foi apresentado por Fátima Santos e falou da dinâmica da Caritas inter paroquial de Castelo Branco. Num segundo momento a jornalista Márcia Carvalho falou um pouco da problemática de Anunciar a Esperança sem sonegar a Verdade. Seguiu-se o sindicalista João Neves apresentou o tema: A luta sindical ao serviço da dignidade humana e por fim José Manuel Cordeiro falou da Cáritas Portuguesa. Às 17H00 tiveram início 3 Workshops com os temas: Formação de Agentes da Pastoral Social; Economia Doméstica, uma resposta à crise; e Começos e recomeços.

O dia terminou com a Eucaristia presidida por D. Antonino Dias.