A Clausura do 85º de Homens

25-01-2013 16:41

Movimento dos Cursos de Cristandade

 

 

No passado dia 13, no cine teatro de Gavião, comemorou-se o 50º aniversário do M.C.C. da nossa diocese, Portalegre e Castelo Branco, tendo estado presentes muitos cursilhistas, provenientes de todas as zonas pastorais.

A atuação da banda de música do município do Gavião iniciou e animou o primeiro tempo, entoando músicas que a plateia aplaudia com muito entusiasmo.

Seguidamente, a secretária diocesana do M.C.C., Lucília Miguéis, na nossa diocese apresentou uma breve história do movimento desde o seu começo. Alguns dos primeiros cursilhistas que participaram no 1º cursilho há 50 anos atrás (a data foi coincidente com os mesmos dias, 10 a 13 de Janeiro de 1962), partilharam com os presentes as suas vivências e a importância que teve o cursilho no seu 4º dia no enriquecimento da sua vida cristã.

Convém sublinhar o testemunho de D. Augusto César, que pastoreou a diocese durante 26 anos. Afirmou o saudoso bispo que o M.C.C. desempenhou um papel relevante na diocese. Referiu que os homens e mulheres que frequentaram um curso de cristandade vitalizaram a vida das paróquias, inserindo-se nas actividades pastorais onde o seu compromisso e o seu testemunho foram determinantes para animar a vida eclesial e para transformar os ambientes.

D. Antonino encerrou esta primeira parte, agradecendo todo o trabalho desenvolvido pelo M.C.C. na nossa diocese, salientando que é necessário não deixar apagar a chama que ainda fumega.

Seguiu-se a clausura do 85º Cursilho de homens que começou no dia 10 de Janeiro, tendo participado 26 homens. Da nossa unidade pastoral estiveram 1 da paróquia de São Pedro do Esteval, 1 da Paróquia de Cardigos e 5 da Paróquia de Proença-a-Nova.

De referir que, no testemunho apresentado, muitos sublinharam que tiveram um encontro frontal com Cristo e a unidade, a alegria e a emoção estiveram bem presentes e bem estampadas nos rostos de cada um.

Os cursilhistas não devem esquecer que o seu 4º dia deve estar baseado no tripé: estudo, oração e ação. Que em conjunto podemos ser uma presença mais afirmada e vincada participando nas Ultreias, nas reuniões de grupo e nas escolas onde crescemos espiritualmente para que nos ambientes onde vivemos possamos divulgar, consciencializar e testemunhar os valores do Evangelho. “Filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas com obras e de verdade” (1 S.João 3,8).

Este dia culminou com a Eucaristia presidida por D. Antonino.

 

Ir mais além... na Fé Cristã!

 

O que motiva quem acredita, a ir mais além na busca de respostas a dúvidas no domínio dogmático ou a um desejo de aprofundamento da fé professada? Esta é uma das perguntas, noutras linguagens, tantas vezes ouvidas de crentes em Deus e não crentes em conversas de café e em fóruns de reflexão teológica. Em 1965, o Papa Paulo VI ao perguntar-nos: “O Evangelho que peso tem para as vossas almas? E vós, que dizeis de Jesus? Qual é a sua natureza e a sua pessoa? Imediatamente nos diz que recorremos ao catecismo e nos lembramos que «Jesus é o Filho de Deus feito homem». Mas saberemos bem o que isso significa?

Em 1978, então com dezoito anos, descobri o livro «Para si, quem é Jesus Cristo?», no qual estão coligidas as respostas dadas por homens e mulheres das mais diversas profissões, crentes, ateus e agnósticos. De entre os diversos testemunhos, vale a pena registar: «Para lá duma exactidão histórica que se pode discutir, ele traz-nos um dos três fundamentos da nossa moral social ao lado dos dez mandamentos e da declaração dos direitos do homem. (…) nós, os homens da idade nuclear, tenhamos a honestidade de o reconhecer.» (J. Bloch-Morhange); «Uma humanidade inteira realizada na sua Unidade» (Jena-Louis Barrault, actor); «O autor e actor da mais bela história do Mundo (…) Cristo para mim recriou a vida, deu-lhe um sentido novo que sinto essencialmente como harmonioso e estético.» (Robert Buron, antigo ministro); «Jesus é Aquele que suscitou em mim a insaciável sede de amar o meu próximo…» (Maurice Chevit, actor); «Todos os dias me interpela.» (Yves Congar, dominicano).

Porque somos interpelados a viver a fé, a alimentar a crença na divindade, a encontrar respostas para questionamentos comuns e a esclarecer dúvidas, porque amizade sujeita à distância acaba por esfriar, porque longe da vista longe do coração, eis porque o Cristão precisa de permanentemente renovar a sua aliança com Cristo, para a Ele permanecer unido e ser fiel a Deus, um Cursilho de cristandade é pois um extraordinário meio e acção concreta de encontrarmos um guia de peregrino “que não encontra na terra uma morada permanente e sabe que é caminheiro do Além” e que por isso caminha “por Cristo para o Pai, com o impulso do Espírito Santo, a ajuda de Maria e de todos os santos levando consigo os irmãos”.

Foi com esta consciência cristã, por querer conhecer o movimento dos cursilhos de cristandade e sobretudo pela vontade de viver mais uma experiência de fé, que ousei responder ao desafio e participar no 85º cursilho de cristandade, no período de 10 a 13 de janeiro de 2013, na casa diocesana de Mem Soares (Castelo de Vide), com a graça de nele se consubstanciar a feliz coincidência da celebração dos 50 anos do curso n.º 1 – homens (10 a 13 de janeiro de 1963, na Aldeia de Santa Margarida).

Ter vivido o 85.º Cursilho de Cristandade – homens da diocese de Portalegre-Castelo Branco, foi uma bênção divina pela oportunidade de comunhão na expressão humilde e sincera da fé em Cristo, pela partilha de testemunhos vivos do que é ser cristão no mundo; pelos momentos fortes de reencontros com Cristo, nos actos de contrição, no valor da oração e da meditação, nas visitas ao Sacrário. O Cursilho de Cristandade teve ainda a virtude de propiciar esclarecimento e crescimento na fé por via da formação catequética, da explicação das virtudes teologais, dos fundamentos bíblicos e dos princípios da acção evangélica cristã, revelando-nos que temos de ser ponte entre Cristo e os outros, de sermos cristãos agentes na evangelização e para o despertar de vocações na Igreja, fazendo jus ao fundador do Movimento, Eduardo Bonnin: «O que nós queríamos ao princípio e ainda continuamos a querer é que a liberdade do Homem se cruze com o Espírito de Deus.» O Cursilho de Cristandade foi no meu peregrinar de cristão um marco de verdadeira Ultreya, que me permitiu ‘ir mais além’ na minha consciência humana de cristão, porque afinal Cristo conta comigo e contigo.

Decolores