Caritas de Proença-a- Nova

25-01-2013 16:29

Caritas de Proença-a- Nova

Os tempos que ultimamente temos vivido no nosso país não podem deixar de nos preocupar pelo aumento do número de pessoas que viram os seus rendimentos diminuir e passar por situações que provavelmente nem imaginariam que pudessem acontecer.

A Caritas em Portugal é uma Instituição constituída pelas 20 Cáritas Diocesanas e pelos grupos locais de actuação de proximidade, com a colaboração de profissionais e voluntários. Cada Cáritas Diocesana tem autonomia jurídica e canónica.

A CÁRITAS Diocesana de Portalegre e Castelo Branco é um serviço da Igreja Diocesana destinado à promoção e exercício da sua acção social. Abrange toda a área geográfica da Diocese de Portalegre e Castelo Branco, estando sedeada em Portalegre.

Proença-a-Nova  possui um núcelo da Caritas Diocesana que existe desde 19 de Maio de 2010, integra 18 voluntários e ajuda neste momento cerca de vinte pessoas, para além da distribuição anual de cabazes de Natal a mais de cinquenta famílias.

Fomos conversar com o seu presidente, Diácono Manuel Cardoso sobre a situação presente que se vive e como tem vindo a atuar o núcleo de Proença.

Jornal “O Concelho de Proença-a-Nova” – O que levou a criar este núcleo da Caritas em Proença?

Dácono Manuel Cardoso - A razão fundamental que leva à criação de núcleos caritas é sempre a mesma: a constatação da existência de pessoas que necessitam de ajuda. No nosso caso houve ainda o empurrão dado pela Caritas Diocesana, que nos convidou para uma primeira reunião de sensibilização e organização do núcleo.

C.P.N. - Desde que preside à Cáritas de Proença, quais os projectos mais relevantes que já foram desenvolvidos? Qual o balanço que faz?

D. M. C. - Apesar das falhas que possa haver, o balanço é bastante positivo. Devo aqui realçar que muitos dos projectos que foram concretizados não o teriam sido sem a colaboração inestimável do Agrupamento 157 do Corpo Nacional de Escutas e respectiva comissão de pais, que têm sido inexcedíveis na angariação de bens alimentares e organização de eventos para angariação de fundos. Também logo de início pudemos contar com a colaboração dos Missionários do Preciosíssimo Sangue, que doaram uma verba para nós considerada excepcional. Isso levou a que pudéssemos distribuir bens alimentares a famílias carenciadas, nomeadamente os chamados cabazes de Natal, ajudar estudantes na aquisição de livros e material escolar, ajudar famílias no pagamento de dívidas relacionadas com renda de casa e prestações bancárias da habitação, água, luz ou gás. E com menos de um ano de existência, o núcleo foi chamado a organizar a segunda Jornada Diocesana de Pastoral Social, que se realizou no Centro Social Paroquial S. Marcos, no Pergulho. Há algum tempo o núcleo passou a contar com um grupo de visitadoras de doentes.

C.P.N.- Sente diferença, do número de pedidos de ajuda que chegam à Cáritas? Têm vindo a aumentar?

D. M. C. - Sim, têm vindo a aumentar. E as razões que levam as pessoas a pedir ajuda também são de natureza diferente. Enquanto em 2010 eram agregados familiares que nunca tiveram grandes rendimentos, mesmo quando na nossa zona não havia praticamente desemprego, hoje surgem problemas relacionados com o desemprego e que levam as pessoas a não conseguirem saldar as suas dívidas com a habitação, com a água ou com a luz, por exemplo.

C.P.N.- Quem é que habitualmente procura o apoio da Cáritas e quais os critérios seguidos na atribuição da ajuda?

D. M. C. - Habitualmente procuram ajuda as famílias com menos recursos, como é lógico. E como referi atrás há cada vez mais pobreza por falta de emprego, mas também há os casos de “pobreza crónica”, provocados pela “alergia ao trabalho”, falta de orientação de recursos, alcoolismo, etc. Não existe, digamos assim, um padrão definido para atribuição de ajudas. Os critérios são diversificados consoante as situações e sempre estas são analisadas pelo grupo de voluntários antes de decidir a ajuda a prestar, que pode ir desde a ajuda em géneros ao pagamento pontual de uma dívida.

C.P.N. - Normalmente, as paróquias são os primeiros locais a que se recorre quando se passa por determinadas dificuldades… acha paróquias da nossa diocese estão preparadas para a acção social?

D. M. C. - Não posso responder pelas outras paróquias. Aquelas em que trabalhamos, ou melhor, o grupo com que trabalhamos nunca se considera completamente preparado, por isso tentamos continuamente aprender algo de novo, algo que nos ajude a ajudar melhor. Temos participado em encontros e jornadas,e como acima foi dito fomos os organizadores da segunda Jornada Diocesana da Pastoral Social realizada no Pergulho. No  dia 4 de Maio do ano transacto tivemos na paróquia uma acção de formação a nível arciprestal, e já iniciámos a formação local de voluntários no âmbito do projecto +Próximo, tendo-se concluído o módulo “Acção Social na Paróquia” e estando para breve o início do módulo “Eclesiologia”.

C.P.N.- Como e onde é que as pessoas podem colaborar com a Cáritas?

D. M. C. - As pessoas podem dirigir-se ao cartório paroquial que dará todas as informações, e aí poderão entregar bens ou verbas que possam doar, ou contactar qualquer dos elementos do núcleo.

C.P.N. - Existem casos preocupantes de pobreza na nossa terra?

D. M. C. - Todos os casos de pobreza são preocupantes, embora nos choquem mais alguns casos em que as famílias deixam de ter o essencial para que os filhos possam adquirir o material indispensável para continuar os seus estudos, e isso já está a acontecer. Sem educação não há progresso social e económico.

C.P.N. - A Cáritas  tem capacidade para responder a todos os pedidos que lhe vão chegando?

D. M. C. - Claro que não. Vamos deitando uns remendos.

C.P.N. - O Santo Padre Bento XVI afirma que «a solidariedade consiste primariamente em que todos se sintam responsáveis por todos» (Caritas in Veritates, 38). Considera que este lema tem sido interiorizado pelas pessoas?

As pessoas são solidárias?

D. M. C. - Felizmente há sempre quem interiorize. Mas nos tempos que correm as pessoas são demasiado egoístas e materialistas, cultivam o individualismo, e o pior é que muitas vezes não ajudam por acharem que há pessoas que não devem ou não merecem ser ajudadas. Fazem um julgamento nem sempre objectivo e acertado, mas na base da descriminação.

C.P.N. - Que projectos tem para a Caritas

D. M. C. - Primeiro: fazer mais e melhor. Segundo: descobrir e inventar modos de angariação de meios para podermos fazer mais e melhor.

 

“A recolha de géneros e donativos excederam todas as expectativas...”

 

 

“Com a colaboração habitual do agrupamento n.º 157 dos Escuteiros, está a decorrer a recolha de donativos destinados à elaboração de cabazes de Natal a distribuir a famílias carenciadas da Zona Pastoral de Proença-a-Nova, Peral, S. Pedro do Esteval e Cardigos. A todos os que de qualquer forma colaboram agradecemos em nome dos mais necessitados a generosidade. Continuamos abertos à recepção de  contributos que poderão ser entregues na Livraria da Igreja ou encaminhados através da conta bancária com o NIB 003506720002028313008”.

Esta foi a nota publicada no nosso jornal n.º 680, de 2012.12.10. Temos que nos congratular porque a generosidade ainda existe. A recolha de géneros e donativos em numerário recolhidos junto das nossas comunidades excederam todas as expectativas, permitindo-nos elaborar mais de cinquenta cabazes, contendo cada um cerca de vinte produtos diferentes, de primeira necessidade. Estes foram entregues a famílias antecipadamente referenciadas na semana que antecedeu o Natal. Permitiu ainda que ficassem em stock alguns bens alimentares e repor na maior parte o auxílio financeiro prestado durante o ano de 2012 a várias pessoas e famílias. Os pedidos que nos são apresentados são cada vez mais diversos, preocupando-nos sobremaneira as crianças e jovens cujas famílias têm dificuldades em financiar as despesas com a educação. Algumas foram ajudadas, e estamos a estudar novas ajudas. Para além dos donativos recolhidos junto das comunidades das nossas paróquias, pudemos contar ainda com brinquedos que nos foram entregues pela gerência do balcão local do Banco BPI, e com a colaboração dos estabelecimentos Minipreço e Pucariças. Também de realçar a participação na Feira de Natal, em que a Câmara Municipal nos atribuiu um espaço para venda de produtos que foram desde as sopas às filhós. O nosso agradecimento à Câmara e sobretudo a quem ofereceu os produtos, confeccionou e ajudou a vendê-los (especial para quem fez as três coisas).

A todos o nosso BEM HAJAM em nome dos menos favorecidos.

DPMCardoso