Casalinho – Cardigos

12-04-2013 11:22

Casalinho é uma das aldeias da freguesia de Cardigos, donde dista cerca de um quilómetro. Tem presentemente 5 habitantes e 3 moradores permanentes. Desde os primórdios que foi uma aldeia pequena, mas com mais gente. Os seis moradores de há 60/70 e mais anos, tinha uma média de 7,8 e até 11filhos, o que dava uma aldeia, com poucas casas, mas muita gente.

 

 

De cá saíram dois padres, de uma família de 8 irmãos; gente formada que hoje “está bem na vida” como nos disse o Sr. Joaquim Nunes, um dos habitantes da aldeia, com 84 anos, casado com a Dª Maria do Rosário. Têm 4 filhos, 6 netos e 1 bisneto. 3 filhos emigrados em França e uma em Portugal. Fomos encontrá-lo a cortar lenha, olhando para o tempo e triste porque não pode semear as batatas. “Este ano não sei como vai ser, acho que vamos comer as batatas da semente” dizia-nos. Mostrou-nos como a terra está, simplesmente “impossível de lá plantar alguma coisa”, vamos esperar para ver como vai ser, rematou. Há 50 anos que não se lembra de coisa assim. Contou-nos que a ribeira da aldeia, que passa mais abaixo, nunca levou tanta água, pelo menos o Sr. Joaquim não se lembra de isso ter acontecido.

O Sr. Joaquim Nunes, tem uma bonita e dura história de vida para contar. A ceifa foi o seu trabalho durante 22 anos. Tinha 9 anos quando foi para lá pela primeira vez. O meio de transporte era diversificado: a pé, comboio e de carroça. A primeira refeição que lhe deram, foi pão cozido numa panela com azeite, vinagre, alho e sal.

 

 

Trabalhar de sol a sol e além disso com medo de serem atacados porque não eram bem vistos por aquelas bandas, pois iam tirar o trabalho a quem por lá estava. Depois veio a emigração para França. Outra história na vida do Sr. Joaquim que dava para escrever um livro. Foi para França “com passaporte de coelho” ou seja, a salto, às escondidas. Caminhavam de noite e descansavam durante o dia, escondidos em armazéns. A “rede” estava bem montada e nada falhou. Durante 18 dias foi caminhar, correr, esconder, saltar redes de proteção de terras, não falar e pedir a Deus que tudo corresse bem. E correu. Por lá ficou 20 anos, em Bordéus, a trabalhar sempre no mesmo patrão. Quando se deu o 25 de Abril em Portugal mandou ir a esposa com os 4 filhos. Depois as coisas na empresa começaram a correr mal e propuseram-lhe a reforma antecipada ou o desemprego. Aceitou  a reforma, regressou a Portugal, ao Casalinho e por lá se mantêm, com a agricultura para passar o tempo.