Das Corgas para a ceifa durante 22 anos

25-01-2013 14:41

Nos tempos atuais, quando falamos de ceifa, especialmente aos mais novos, não imaginam o que isso significou na vida das gerações mais velhas. Nas nossas aldeias, a agricultura ocupava a maioria da população e no Verão, a ida dos homens à ceifa ao Alentejo, assumia uma grande importância na economia familiar.

 

 

No concelho de Proença estas migrações, tal como em muitos outros concelhos rurais, representavam uma debandada dos homens e significava uma mais valia para o rendimento familiar.

Conversamos com o Sr. José Francisco, das Corgas, que durante 22 anos percorreu o caminho até ao Alentejo. Começou aos 12 anos, como era normal naquele tempo. Diz ele que se lembra como se fosse hoje: sair da aldeia com os companheiros de aventura, e entrar num mundo novo. Uma longa caminhada, com muitas histórias pelo meio, com o sol no horizonte e claro, voltas e mais voltas. No meio do trigo, como diz o Sr. José, o pensamento voava para a aldeia distante, a família, a igreja da terra. Por aqueles lados não se avistava povoado. Do nascer ao pôr do sol era o trabalho que comandava os dias.

Depois da ceifa, foi trabalhar para França, durante 30 Verões, na construção dos campos de ténis. Tempos de muita luta e muito trabalho. Recorda o que a sua mulher lhe dizia: “Ó homem, só pensas no trabalho”. Hoje o Sr, José recorda aquelas palavras, mas como ele diz, “naquele tempo era assim, uma pessoa era nova e queria aproveitar, enquanto podia”.

Hoje, aos 89 anos, o seu grande problema são as pernas. Três filhos e cinco netos, são a sua alegria.