“Erasmus para todos”

26-07-2012 15:30

De Tenerife a Itália

“Erasmus para todos”, é este o nome do programa da União Europeia que visa apoiar o intercâmbio de estudantes nos vários países da União Europeia. O Erasmus não abrange apenas os estudantes e o pessoal universitário mas apoia também as instituições do ensino superior no seu trabalho conjunto, através de programas intensivos, redes, projetos e outras medidas, bem como na sua abertura ao meio empresarial e à sociedade em geral. O nosso jornal vai iniciar uma rubrica onde pretendemos mostrar onde andam os jovens estudantes do nosso concelho, que estão ou estiveram no estrangeiro ao abrigo deste ou até de outros programas.

 

 

Pedimos que nos enviem notícias, experiencias, para que possamos não só alargar os nossos horizontes culturais, mas também dar a conhecer o trabalho que os nossos jovens vão fazendo por outras

Hoje apresentamos uma estudante que acabou o curso de Licenciatura em Enfermagem no passado dia 21 de Julho. Falamos da Nélia Cardoso, de 21 anos, natural e residente na Pedra do Altar. Estudou na Escola Pedro da Fonseca, em Proença, entrou para o curso de Enfermagem na Escola Superior de Saúde Dr. Lopes Dias de Castelo Branco. Estudou lá até ao 2º ano, quando se candidatou ao programa Erasmus. Porquê, perguntamos-lhe, “porque quis, gostava de ter essa experiência, conhecer outras realidades, fugir à rotina”. A escolha do local dependia dos acordos com a universidade. A escolha recaiu em Tenerife, a língua, o Espanhol, teve influência na decisão. No 1º semestre do 3º ano iniciou esta aventura. A partida custou um pouco, mas a euforia da partida suplantou as saudades que decerto iria sentir e sentiu. A adaptação “foi difícil ao início, só passado algum tempo conseguimos, eu e outra colega, arranjar quarto. Depois ficámos numa casa onde havia colegas de outras nacionalidades, o que foi também, deste ponto de vista muito enriquecedor” disse.

 

Por lá esteve seis meses. Quatro meses de aulas e depois estágio em contexto hospitalar, dois meses, nos Cuidados Intensivos, Cuidados Paliativos e Unidade de Diabetes. “Foi muito bom, fomos bem acolhidas, ajudavam-nos, nunca nos sentimos discriminadas, pelo contrário, quando souberam que eramos portuguesas queriam saber mais sobre o nosso país. Para uma primeira experiência não podia ter corrido melhor. As pessoas são acolhedoras, a língua não é muito diferente e ao fim de um mês já estávamos integradas”.

Regressou a Portugal e já no último ano proporcionou-se ir fazer outro programa Erasmus, que agora compreendia apenas Estágio. Itália foi o país que se seguiu. Era um acordo recente com a universidade, a referência do hospital era muito boa e “então nem pensei duas vezes e lá vou eu de malas e bagagens de novo, mais 5 meses, agora sempre em contexto hospitalar”. A adaptação no início foi mais difícil, mas, depois de aprender a língua, o problema foi ultrapassado. “Fui mesmo obrigada a aprender rapidamente a língua, pois poucos falavam Inglês, mas conseguimos eu e as colegas”. Em Itália, esteve em Pavia, perto de Milão, no hospital trabalhou na área da Pediatria e Ginecologia.

A realidade não difere muito da nossa nesta área. Também aqui nunca se sentiu discriminada, “fomos também acolhidos da melhor maneira, as pessoas são hospitaleiras e ajudam-nos muito”.

O que representou esta experiência para a Nélia: “Foi muito enriquecedora, quer a nível profissional, mas também pessoal. Cresci imenso a nível profissional, em ambas as experiências tive oportunidade de apreender outros métodos de ensino e trabalho, aprender o que se faz de melhor e tentar mudar o que por lá se faz menos bem; abri portas para propostas de trabalho lá fora e por cá acredito que também vai ser uma mais-valia agora que inicio a procura de emprego. A nível pessoal foi igualmente bom, contatei com outras culturas, conheci imensas pessoas, viajei muito, aprendi outras línguas, foi o despertar para outras realidades. É uma experiência que recomendo a todos os nossos universitários”.