Imergir nas devoções com o coração aberto às missões

13-10-2015 18:43
Mais uma vez tivemos a graça de entrar no mês de outubro, que é pela força da tradição, mês de Nossa Senhora do Rosário e mês Consagrado às Missões. Neste mês de Outubro, na nossa Unidade Pastoral de Proença-a-Nova tivemos também a graça de encerrar no passado dia nove o périplo do Santíssimo Sacramento iniciado a sete de agosto e que percorreu todas as igrejas e capelas das paróquias de Cardigos, Peral, S: Pedro do Esteval e de Proença-a-Nova. Vamos ter a graça de acolher a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, cuja entrada na nossa Diocese de Portalegre-Castelo Branco é feita pelo arciprestado da Sertã em Oleiros, seguindo depois para Sertã, Vila de Rei e por fim Proença-a-Nova onde será acolhida a15 de outubro (ver programa). Assim, o mês de Nossa Senhora do Rosário e a peregrinação da imagem de Nossa Senhora de Fátima pelos nossos lugares são oportunidades chave para reforçarmos a nossa devoção mariana, a nossa devoção filial, para revitalizarmos a nossa vivência de fé, empreendendo simultaneamente a oração do Rosário e meditação dos mistérios da nossa redenção, a nível pessoal, familiar, comunitária (...) quer andando pelos caminhos e nas viagens, quer nos momentos de alegria, serenidade, dúvidas ou tristezas.
Isto faz-nos voltar à fonte da experiência cristã e abre-nos novas estradas e possibilidades inimagináveis. Uma das grandes estradas no nosso horizonte é o desejo missionário, movido simultaneamente pela paixão por Cristo e pelas pessoas. Porque para nós, cristãos, a Boa Nova de Cristo é revolucionária, impõe-se e exige-se um compromisso social e evangelizador. Acontece, porém, que muitos fiéis esquecem a dimensão missionária inerente ao batizado, esquecem a urgência do “Ide” sem “medo” para “servir”, do ide anunciar o Reino de Deus, e reduzem a sua vida cristã a uma piedade individualista, alimentada apenas pela receção dos sacramentos, quiçá alguns uma vez no ano.
É hábito afirmar que se é cristão pelo facto de receber os sacramentos, por rezar o rosário, pelo facto de ter mil e uma devoções e outras tantas imagens expostas devotamente. Tudo isto é importante e tem o seu mérito no plano da piedade, mas o caminho decisivo e objetivo é ir passando da vida exclusivamente centrada no culto a uma vida evangelizadora, dedicada a abrir caminhos ao Reino de Deus, no meio de problemas, de lutas e dos sofrimentos que existem no mundo, na conjugação da fé e da caridade na construção dum mundo melhor e com Deus.
Há quem insiste em afirmar que a história do mundo seguirá inevitavelmente os caminhos de injustiça e de sofrimento. Ao contrário, na verdade do Evangelho brota uma proposta que nos impele a construir um mundo mais justo, inclusivo, fraterno, solidário, sócio-caritativo, onde os pobres, os fracos e os descartáveis da sociedade estejam no centro das nossas preocupações e do nosso agir. Porque Cristo é a alternativa, porque em nós, seus fiéis, Ele está comprometido para um mundo diferente e melhor.
Portanto, o cristão não pode fugir do mundo mas deve procurar transformá-lo positivamente, inserindo nele os valores verdadeiros, à imitação de Cristo. 
Perante o desafio da missão num mundo carente de nova evangelização, o Santo Padre afirma que na ordem de Jesus – “Ide” - estão contidos os cenários e os desafios sempre novos da missão evangelizadora da Igreja (…) No campo imenso de acção missionária da Igreja, cada batizado é chamado a viver o seu compromisso, segundo a sua situação pessoal, independentemente dos cargos e da formação. Missão que começa na família. Importa, pois, nas nossas famílias (Igreja Doméstica), comunidades, paróquias, recuperar o apelo de Jesus para abrir caminhos ao Reino de Deus na vida corrente.
Este é um tempo de renovação espiritual, de nova evangelização, é a hora da nossa libertação, tornando real o mandato de Jesus: “Ide” sem “medo” para “servir”, para “anunciar o Reino de Deus”, nas razões das Bem-Aventuranças. De maneira tão simples como defender os mais débeis e esquecidos; cuidar da convivência, de modo a ser mais justa e solidária; estar acessível para escutar e dar testemunho de que há lugar para o perdão, compreensão e tolerância; curando patologias religiosas, pondo a religião ao serviço do ser humano; curar o medo à morte, alentando a confiança em Deus e infundindo a esperança na sua salvação eterna… Sempre imbuídos daquele que diz: “Assim como Eu vos amei, também vós deveis amar-vos uns aos outros. Se tiverdes amor uns para com os outros, todos reconhecerão que sois meus discípulos (Jo 13,34-35). 
A vivência que foi da peregrinação do Santíssimo Sacramento, com tudo aquilo que implicou e remexeu; o mês de Nossa Senhora do Rosário, com todas as devoções tão próprias da piedade e culto do cristão; a visita da Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima à nossa terra/comunidade, têm que questionar a nossa vida de cristão: dar-nos fôlego para imergir ainda mais nas devoções e impelir-nos para a missão. 
Pe. Ilídio Graça