Ligação do IC8 à A23 já está aberta

26-12-2012 12:13

Abriu já ao trânsito o novo troço do IC8 entre o cruzamento do Perdigão e Proença-a-Nova, ficando assim concluída a ligação do IC8  à Autoestrada A23.

Esta era uma obra há muito aguardada, ficando agora terminada. O troço agora aberto ao trânsito tem cerca de 16, 2 quilómetros de extensão ligando os concelhos de Vila Velha de Ródão e Proença-a-Nova.

Esta obra lançada ainda pelo governo de José Sócrates era considerada de extrema importância para esta região do distrito.

A conclusão do IC8, que atravessa os distritos de Coimbra, Leiria e Castelo Branco, irá melhorar a acessibilidade dos diversos concelhos que se situam nas proximidades do mesmo, permitindo ganhos significativos em termos de tempos de viagem.

 

Os automobilistas deixam assim de ser obrigados a ir pela estrada nacional , mas os comerciantes das localidades de passagem já se queixam da quebra no negócio. Quebra que chega aos 80 por cento e está a deixar desesperados os comerciantes.

Percorremos os estabelecimentos comerciais da rota - Vale da Mua - Moitas -  e constatámos um ambiente de pesar e desânimo.

No café/restaurante os  “Amigos” a quebra chegou aos 80 por cento. Atualmente têm 5 empregadas e uma delas disse que,  se continuar assim, algumas de nós perderão o emprego. A situação é de tal modo que as lágrimas afloraram e só a força de quem luta dia-a-dia, num interior que vai ficando sozinho à sua sorte, consegue vencer.

Às 6 horas da manhã começavam a servir pequenos-almoços e cafés, agora nem carros, nem gente. No “Casarão” a Dª Irene Martinho há 30 anos com casa aberta, “nunca vi nada assim, não sei como vai ser o futuro, mas bom não é com certeza”, diz ela que logo no dia que abriu o novo itinerário à noite já se notou. Diz que no domingo anterior à abertura serviu entre as 5 e 7 da manhã 40 bifanas, no domingo seguinte serviu 6. “Não são precisas mais palavras”. Todos falam da mesma forma. Na Célia a situação não é melhor. Tinha manhãs de vender 100 bolos e 2 kg de café, agora nem 20 vende. Tem 4 empregadas e diz que se as coisas continuarem assim ficará uma ou duas. No café, Alves, a Lurdes diz que agora vende menos bolos. E fazer o quê? Colocam a questão.

Já nem o nó que vão fazer junto ao Peral, que poderá mitigar a situação os faz mudar de opinião. Não acreditam que venha resolver alguma coisa. Dizem-nos que os automobilistas mudam a rota, habituam-se a outros sítios e já não voltam.

Os moradores falam em mais sossego, menos trânsito e por isso mais descanso. Mas não deixam também de estar preocupados com o negócio das terras que as mantinha movimentadas e agora as votou a um silêncio desesperante.

Nas Moitas a situação não é muito diferente, pelo menos nos cafés que estão mais à beira da estrada. No café S. Gens, o Sr. Vitorino disse-nos que afetou em 80 por cento. Muita gente ali parava para meter o Euromilhões, agora nem vê-los. Está mesmo decidido a fechar a porta. A idade já pesa e a saúde que não é muita, vão concerteza levá-lo a tomar essa decisão. Desde 1981, quando abriram a casa que não viviam uma situação destas.  O Café Central Dias notou também uma diminuição e teme que a partir de Janeiro ainda seja pior. Não era uma situação que não esperassem, mas talvez não tão radical assim.

O café Cristóvão tem um tipo de clientes diferente, mais residentes e como está um pouco mais afastado da estrada não notou tanto a diminuição de clientes.

No café, Noite e Dia, no Vale da Mua, falámos com o Jorge que nos referiu que efetivamente a quantidade de carros diminuiu consideravelmente, mas mesmo assim vão mantendo os clientes. “Os nossos clientes são pessoas que se deslocam de propósito, quer para o restaurante, quer à procura dos nossos produtos tradicionais, presunto, chouriços, queijos. Mas claro que afeta, pois havia sempre quem passava nesta estrada, sabia o que servíamos e a nossa qualidade e parava”. Têm esperança que as coisas se mantenham até porque há postos de trabalho que é de todo importante manter.

Se por um lado agora num instante estamos na A23 e em Castelo Branco e por isso a nossa interioridade diminuiu por outro acarreta problemas que não são de menor importância.