O nosso jornal esteve em festa
No passado dia 13, o nosso jornal esteve em grande festa. Realizou-se o 1º Encontro de colaboradores, assinantes e amigos do nosso jornal. A celebração dos 57 anos do jornal foi o mote dado para que este encontro se tornasse realidade. Ao longo dos anos, o jornal acompanhou o desenvolvimento da nossa terra e estampou nas suas páginas os acontecimentos que hoje fazem parte da história da nossa terra.
Apesar das dificuldades que foram existindo ao longo dos tempos, o trabalho foi feito e merece o apreço e o reconhecimento de todos quantos lutaram para que o jornal fosse uma realidade.
De há 47 anos para cá ,o jornal “O Concelho de Proença-a-Nova” passou por várias mudanças, mas há coisas que o tempo não altera e por vezes acentua. O amor e dedicação à causa que abraçou há 57 anos, continua presente em cada jornal. Foi com a história do jornal que o professor António Manuel iniciou a sessão no Auditório Municipal onde decorreram, ao longo da manhã, diversas comunicações.
O Prof. Tó Manel centrou a sua comunicação na memória que o jornal faz, salientando a sua importância como “fonte da história local”. Começou por falar dos elementos definidores da história, dos diversos tipos de fontes históricas, partindo depois para o concreto da Imprensa “religiosa” em Proença-a-Nova. O primeiro jornal local conhecido e com circulação em Proença a Nova foi “A BOA NOVA”. Era um “boletim mensal dos arciprestados da Certã, Oleiros e Proença a Nova.”. A BOA NOVA não era um jornal exclusivo de Proença a Nova, mas a nossa terra ocupava um lugar de destaque nas quatro páginas habituais da publicação. O segundo jornal conhecido e com circulação em Proença foi o AMIGO DO POVO. Era o boletim bimensal do arciprestado de Proença a Nova e substituía A Boa Nova, referido na edição anterior.
O jornal que se seguiu em Proença foi depois o nosso jornal, de inspiração cristã e que passou por diversas fases. Começou por se chamar “Mensageiro Paroquial”, publicado entre 1914 e 1955; seguiu-se o “Jornal de Proença-a-Nova”, publicado entre 1955 e 1958; Depois passou a ter o nome do “Concelho de Proença-a-Nova” e foi publicado entre 1958 e 1960; nova mudança de nome agora para “Noticias da Nossa Terra”, entre os anos de 1960 e 1973; a partir de 1973 passou a denominar-se “O Concelho de Proença-a-Nova” e mantém-se até hoje.
Continuou referindo que “a primeira ideia que poderemos interiorizar é que os jornais locais são uma espécie de diários, onde se ficam registados os múltiplos aspectos da vida individual e colectiva das comunidades”. Fez depois uma pequena resenha do modo como estavam coladas as notícias sendo que nos jornais iniciais, de 1914 a 1955, o espaço da secção reservada às notícias “profanas” do quotidiano é muito pequeno e as imagens praticamente inexistentes. A preocupação maior vai para a doutrinação religiosa, proselitismo e assuntos eclesiásticos. A tendência, depois dos anos 60, é outra e sem abandonar os conteúdos de carácter directamente religioso, a transmissão da mensagem religiosa é mais subtil. Os acontecimentos profanos publicados são apresentados num determinado contexto e muitas vezes acompanhados de comentários que reforçam a mensagem de inspiração católica que se quer fazer passar. Por outro lado, começam a surgir imagens e anúncios publicitários.
Também a “pequena história” individual marca uma presença estruturante nos “noticiários” através das informações sobre casamentos, baptizados, nascimentos, falecimentos, desastres de viação e acidentes de trabalho, gozo de férias, doenças e suas curas… Festas populares, tradições e costumes relatados permitem igualmente uma abordagem etnográfica. Até o posicionamento dos cidadãos face às autoridades pode ser estudado tendo em consideração a forma como as populações encaravam as inaugurações de obras colectivas: estradas, caminhos, fontes… Geograficamente estão incluídas praticamente todas as localidades do concelho. Uma abordagem especial merece também a freguesia vizinha de Cardigos, nomeadamente a aldeia de Vales que aparece frequentemente no “noticiário” em lugar de destaque pela sua ligação especial à Vila como é o caso no reconhecimento do apoio que deram à construção do Hospital e do Colégio.
Quem quiser estudar a História de Proença-a-nova através da sua imprensa local não pode deixar de se preocupar com uma tarefa difícil e por vezes complicada que é fazer a crítica (interna e externa) da informação recebida.
Seguiu-se a comunicação do Dr. João Campos, Director adjunto do Diário de Coimbra. Começou por falar da história do jornal de Coimbra, de como persistiu ao longo de 81 anos. Os altos e baixos que teve. Salientou a importância de um jornal de financiar a si próprio e não estar ligado a grupos económicos e políticos.
Referiu também que um dos segredos de se manter tantos anos é também pela dedicação em exclusividade do investimento.
O facto de estarmos a viver uma crise que também não escapa aos meios de comunicação. A falta de pessoal é outro problema resultante da crise e muitas vezes essa lacuna dificulta a cobertura de todas as notícias. Neste tipo de jornais, o jornalismo de proximidade é importante, a noticia que está perto das pessoas. A união entre os diversos jornais, nomeadamente na distribuição, foi outro dos aspectos abordados pelo Dr. João Campos. Muitas vezes acontece haver vários a fazer a mesma coisa, podendo haver uma união para determinado tipo de serviços, iria diminuir os custos.
Falou também do problema da Internet onde as pessoas podem ler os jornais sem pagar nada e isso tem tirado assinantes e compradores às publicações.
É um homem optimista, acredita num futuro risonho. E que, segundo ele, tem que passar por as empresas apostarem num jornalismo como fonte de receita. “O jornal é para os leitores, o património são os leitores”.
Em último lugar falou o Padre Fernando Farinha, Director do Secretariado da Mobilidade Humana da nossa Diocese, centrando as suas palavras na importância que têm os jornais junto das comunidades de emigrantes. Destacou que estes são o elo de ligação com a sua terra natal.
A parte da manhã foi encerrada com as palavras do Director P. Ilídio Graça, destacando a importância deste encontro, agradeceu a todos os que assinam e colaboram com o jornal.
O almoço foi na praia fluvial do Malhadal, com convívio, ao longo de toda a tarde. A música esteve presente com 6 acordeonistas que animaram a tarde.
Queremos deixar um muito obrigado a todos os nossos assinantes em Portugal e no estrangeiro (e são muitos, do Canadá, Brasil, Alemanha, França, Suiça…). Obrigado a todos os que sentem este projecto como seu e que têm orgulho nas páginas que contam a história da nossa região. Esforçamo-nos diariamente para continuar a merecer a vossa confiança. Obrigado aos que nos incentivam, aos que pedem por mais, aos que dão sugestões, aos que mostram o caminho e aos que caminham ao nosso lado, contribuindo para que continuemos a contar as histórias de cada um que, quando somadas, fazem a história de todos nós. Aos nossos Colaboradores e amigos, um grande obrigado. Vocês fazem parte da nossa família e temos muito gosto nisso.
Não podemos deixar de referir os que colaboraram connosco para que este Encontro acontecesse. Ecomarché; Almeida e Filhos; Talho do Fernando; talho do Pereira; Maria do Rosário e Filhos; Loja das Pucariças; Arte e Flor; Pastelaria Estrela Doce; Restaurante Famado; Café S. Gens; Sr. José Carlos-central de cervejas; às cozinheiras Dª Maria do Carmo e Dª Lurdes.
É só através da união e do esforço de todos que seremos capazes de atravessar os tempos mais difíceis que se adivinham e melhor, aprender com cada dificuldade. Não tenho dúvidas de que sairemos todos vitoriosos.
O caminho faz-se caminhando, basta acreditar e dar o primeiro passo. A todos os que queiram fazer parte desta caminhada e que venham por bem, com a vontade de contribuir e assim engrandecer a nossa região, as nossas páginas estarão sempre abertas.
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