Santiago de Compostela

01-03-2013 18:47
 

O Departamento de Ciências Sociais e Humanas da Escola Pedro da Fonseca de Proença-a-Nova levou a cabo uma visita de estudo interdisciplinar (História, Geografia e Educação Moral Religiosa e Católica) para alunos do ensino secundário, nos dias 15 e 16 de fevereiro.

Ao projetar esta atividade, os docentes destas disciplinas decidiram que ela tivesse uma componente de peregrinação e de apreço patrimonial, espiritual, religioso, cultural, arquitetónico e histórico. E assim aconteceu. No dia 15, além da viagem de autocarro até Santiago, fizemos, a pé, uma pequena parte do Caminho Português. Depois pernoitámos num albergue no centro da cidade. No dia 16, o guia turístico António levou-nos às pessoas, aos costumes, aos espaços emblemáticos da cidade, à história, à religião… Como bom contador de histórias e da História, fez-nos ver que cada pedra, cada rua, cada imagem ou escultura escondia uma outra pequena história. Recordo-me da Catedral, do mercado, do “pulpo a gallega”, da alameda e da universidade, das arcadas e do postigo por onde as mães vigiavam as filhas a namorar, da cabeçada no arquiteto da catedral para obter sabedoria, da vieira, de São Tiago, da sua história, do abraço e da visita aos seus despojos, do bota-fumeiro, da visita panorâmica da cidade e dos edifícios de Siza Vieira, do Museu do Povo Galego e do clima descontraído, animado e alegre vivido por alunos e professores em toda a visita.

O que mais me impressionou em Santiago foi o sentido existencial daquele espaço. Há cinco mil anos, já os curandeiros e os magos seguiam o caminho das estrelas desde a Europa Central até a Finisterra (fim das terras). Há quem defenda que até aos Descobrimentos, o cabo Finisterra era conhecido como o ponto terrestre mais ocidental da Península. Sabemos que hoje não é assim. Todavia, fica a ideia que, ainda antes da fé monoteísta (cristianismo, judaísmo e islamismo), já se percorria o caminho das estrelas. Como Jesus se tornou a verdadeira estrela, luz para os seus amigos, facilmente se cristianizou o caminho. Hoje, do que se ouve, porque se vive, fica-me a ideia que o caminho é mais que um rito cristão. Os caminhos de Santiago são uma busca de si mesmo, do sentido da vida. Quem peregrina até Santiago pelos caminhos tradicionais (caminho português, francês, do norte…) ou por outro que possa inventar, corre o risco de encontrar-se a si mesmo no meio de uma riqueza natural, cultural, humana e divina.

Se o caminho tem esse poder de ajudar as pessoas a encontrarem-se e sentirem-se felizes, se nessa felicidade couber um Deus que me ama e me salva em Jesus Cristo, se os nossos alunos o souberem, talvez eles possam compreender que a vida é uma peregrinação por entre marcas humanas e de uma natureza dada, que, com um curso necessário, é preciso viver bem, viver em paz, viver feliz. O Caminho é um instrumento para reorganizar constantemente a vida pessoal no que toca às nossas necessidades, às necessidades dos outros com quem vivemos, em relação a Deus, ao trabalho, ao estudo…

Pudesse eu caminhar e teria um grande instrumento para me encontrar, para Te encontrar e encontrar-me com todas as pessoas que colocas comigo para Te ajudar a criar o Mundo que nos deste.