NOVO PAPA FRANCISCO

 

O cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio é o sucessor de Bento XVI na cadeira de São Pedro. O novo Papa, o 266º da Igreja Católica e o primeiro sul-americano, é jesuíta e escolheu o nome Francisco.

Depois de cinco escrutínios, e pouco mais de 24 horas após o início do Conclave, os cardeais chegaram a uma votação conclusiva. O fumo branco foi visível às 18h06 e o novo Papa surgiu na varanda da Basílica de São Pedro cerca de uma hora depois.

Jorge Mario Bergoglio nasceu a 17 de Dezembro de 1936 e é eleito aos 76 anos. Bento XVI tinha 78 quando foi escolhido em 2005.

O novo Papa formou-se como técnico químico e só mais tarde ingressou no Seminário de Villa Devoto. A 11 de Março de 1958 passou para o noviciato da Companhia de Jesus, tendo estudado no Chile.

É autor de várias obras, entre as quais "Reflexões sobre a vida apostólica", de 1986, "Meditações para Religiosos", de 1982, e "Reflexões de Esperança", de 1992. É membro da Congregação para o Culto Divino e para a Disciplina dos Sacramentos, bem como do Conselho Pontifício para a Família.
 
Jorge Mario Bergoglio é cardeal desde 21 de Fevereiro de 2001. A sua ordenação sacerdotal decorreu a 13 de Dezembro de 1969, tendo vivido em Espanha e na Alemanha. Foi precisamente em solo germânico que concluiu em 1986 a sua tese de doutoramento, tendo regressado à Argentina como director espiritual da Companhia de Jesus na cidade de Córdoba.

A 20 de Maio de 1992, o Papa João Paulo II nomeou-o bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires. A 27 de Junho desse mesmo ano recebeu a ordenação episcopal na catedral de Buenos Aires das mãos do cardeal António Quarracino, do Núncio Apostólico Mosnelhor Ubaldo Calabresi e do Bispo de Mercedes-Lújan Monsenhor Emílio Ognénovich.

Foi nomeado Arcebispo Coadjutor de Buenos Aires a 3 de Junho de 1997 e Arcebispo de Buenos Aires a 28 de Fevereiro de 1998. Quinze anos depois, é eleito Papa.

"Caminhar, construir, confessar"

Da primeira homilia do recém-eleito Papa Francisco, proferida na Capela Sistina durante a missa solene de encerramento do Conclave, ficam três palavras-chave: caminhar, edificar, confessar. "Podemos caminhar o que quisermos, edificar o que queremos, mas se não confessarmos Jesus Cristo, as coisas não avançam. Tornamo-nos como uma ONG piedosa, mas não Igreja esposa de Cristo. Quando não se edifica, o que acontece? Acontece o que acontece com as crianças na praia - criam castelos na areia, tudo vem abaixo, sem consistência", apontou o Papa. 

"Caminhar, construir, confessar", voltou a frisar o Papa nesta sua primeira homilia como líder da Igreja Católica. "Mas as coisas não são assim tão fáceis", alertou. "Porque no caminhar, construir, confessar, às vezes há tropeços, há movimentos que não ajudam o caminho, são movimentos que nos puxam para trás." 

A homilia do Papa Francisco veio como um desafio. "Este Evangelho prossegue com uma situação especial - é que mesmo Pedro, que tinha confessado Cristo, disse 'sim, Tu és Filho de Deus e sigo-te', mas não falou de cruz. Quando caminhamos sem cruz, construímos sem cruz, confessamos Cristo sem cruz, não somos discípulos do Senhor." 

Sem cruz, sublinhou o Papa, "somos mundanos". "Somos bispos, padres, cardeais, Papas, tudo, mas não discípulos do Senhor". "Gostaria que nós, depois destes dias de graça, tenhamos a coragem de caminhar na presença do Senhor, com a cruz do Senhor, de edificar a Igreja sobre o sangue derramado na cruz e assim caminharmos. Assim a Igreja vai em frente."