Papa Francisco apela à luta contra a pobreza e à defesa da família, em Missa com seis milhões de pessoas

O Papa presidiu no domingo, dia 18 de janeiro, em Manila à Missa conclusiva da sua viagem às Filipinas, perante uma multidão de vários milhões de pessoas, (6 milhões) e desafiou os católicos a lutar contra a pobreza e defender a família.
“Pelo pecado, o homem destruiu a unidade e a beleza da nossa família humana, criando estruturas sociais que perpetuam a pobreza, a ignorância e a corrupção”, denunciou Francisco, durante a maior celebração do atual pontificado, junto ao estádio ‘Quirino Grandstand’, na área do Parque Rizal.
A Autoridade Metropolitana para o Desenvolvimento de Manila avançou oficialmente com o número de seis milhões de participantes, o que representa um recorde na história dos pontificados.
Como fizera esta sexta-feira, o Papa alertou para a necessidade de promover a família e a natalidade.
“Hoje, infelizmente, a família tem necessidade de ser protegida de ataques insidiosos e programas contrários a tudo o que nós consideramos de mais verdadeiro e sagrado, tudo o que há de mais nobre e belo na nossa cultura”, advertiu.
Francisco convidou a ver em cada criança “um dom que deve ser acolhido, amado e protegido”.
“Devemos cuidar dos jovens, não permitindo que lhes seja roubada a esperança e sejam condenados a viver pelas ruas”, acrescentou, aludindo a um problema particularmente sentido nas Filipinas.
O Papa encorajou os presentes a acreditar sempre, mesmo perante as dificuldades e as injustiças, e alertou para os perigos da “mentira”.
“O diabo é o pai da mentira. Muitas vezes, ele esconde as suas insídias por detrás da aparência da sofisticação, do fascínio de ser ‘moderno’, de ser ‘como todos os outros’. Distrai-nos com a miragem de prazeres efémeros e passatempos superficiais”, observou.
Nesse sentido, lamentou o investimento feito em ‘gadgets’, “em jogos de azar e na bebida”.
“Fechamo-nos em nós mesmos. Esquecemo-nos de nos centrarmos nas coisas que realmente contam”, acrescentou.
A homilia partiu da celebração do ‘Santo Niño’ (Menino Jesus) de Cebu, a imagem cristã mais antiga das Filipinas, que pertencia à expedição do português Fernão de Magalhães, em 1521.
Francisco refletiu sobre a importância da “infância espiritual”, no interior de cada pessoa, e da representação de Jesus como uma “criança frágil” que “trouxe ao mundo a bondade de Deus, a misericórdia e a justiça”.
“[Jesus] Resistiu à desonestidade e à corrupção, que são a herança do pecado, e triunfou sobre elas com o poder da cruz”, realçou.
O Papa convidou os fiéis a serem como as crianças, com a sua “sabedoria própria, que não é a sabedoria do mundo”.
“É por isso que a mensagem do ‘Santo Niño’ é tão importante. Fala profundamente a cada um de nós; recorda-nos a nossa identidade mais profunda, aquilo que somos chamados a ser como família de Deus”, explicou.
No último ato público da visita às Filipinas, iniciada esta quinta-feira após 48 horas no Sri Lanka, o Papa deixou votos de que os habitantes do arquipélago, o maior país católico da Ásia, sejam capazes de “trabalhar unidos, de se proteger mutuamente” a começar pelas famílias e comunidades, “na construção dum mundo de justiça, integridade e paz”.
“O «Santo Niño» continue a abençoar as Filipinas e a sustentar os cristãos desta grande nação na sua vocação de ser testemunhas e missionários da alegria do Evangelho, na Ásia e no mundo inteiro”, concluiu.
A celebração, debaixo de chuva, contou com uma leitura lida por uma invisual, em braille, e no final da Missa o Papa enviou simbolicamente os fiéis das Filipinas em Missão, com a entrega de uma vela.
O arquipélago tem cerca de 100 milhões de habitantes, 80% dos quais são católicos; o recorde de participantes numa celebração pontifícia até hoje também tinha acontecido em Manila, durante a Jornada Mundial da Juventude de 1995, presidida por São João Paulo II.
O arcebispo de Manila, cardeal Luis Antonio Tagle, despediu-se do Papa em nome da multidão de hoje e dos últimos dias: “Todos os filipinos querem ir consigo! (risos) Não tenha medo: todos os filipinos quer ir consigo, não para Roma, mas para as periferias”.
Francisco voltou a percorrer o local de papamóvel, tal como fizera à chegada, durante largos minutos, vestido com o impermeável amarelo que o tem acompanhado desde este sábado, por causa da chuva.
A cerimónia de despedida está marcada para a manhã desta segunda-feira (01h45 em Lisboa), estando a chegada a Roma prevista para as 17h40 (menos uma em Lisboa), após um voo de quase 15 horas e mais de 10 mil quilómetros.

OC
Agência Ecclesia